ANTONIO MARCOS SILVA SANTOS
( São Paulo – Brasil )
ANTOLOGIA. 2º. Concurso de Poesia 1992 . Brasília: Sindicato dos Escritores no Distrito Federal – SEDF, Cultura Gráfica e Editora, 1992. Apresentação: Menezes y Morais. 106 p. 15 x 21,5 cm.
Ex. bibl. Antonio Miranda
DEUS NEGRO
Queria ser um Deus Negro,
Mas não sou,
Sou Negro.
Sou um cara sem sossego
Porque sou discriminado,
Porque sou rejeitado
Por ser visto como BICHO
Por ser visto com LIXO
Lixo da raça Burguesa
Que comem sentados à mesa
Com direito a sobremesa.
Onde os restos vão pro LIXO
Pra serem comidos pelos BICHOS.
Bichos esses, quem serão?
Serão cachorros, serão gatos?
Ou serão os imundos ratos?
Minha gente! Minha gente!
Quem come desta comida
E o pobre do INDIGENTE
Pois, não vistos como gente
Por viverem esfarrapados,
Roupas sujas, pés no chão
Perambulando pelas ruas
Chamando e querendo atenção,
Procurando um ser HUMANO
Que lhe toque o coração.
Homem esse é um homem amigo
Que foi capaz de dar abrigo
Para aquele em perigo.
Homem bom, Homem humilde
Que por santa Natureza
possuía a singeleza
De tocar meu coração.
Oh! meu Deus! que mundo é esse!
Onde tudo tem um preço
Que por pouco eu pereço
Sem possuir um braço irmão?
Oh! meu Deus, que mundo é esse!
Que tudo se compra e se vende
Até o pobre CORAÇÃO!
Quero ser sempre indigente
Caminhando com minha gente
Atrás de um pedaço de PÃO.
Pão esse que dá a vida
E alivia o coração.
Quero dormir ao relento
coberto pelo negro véu
Para ver meu Deus-Estrela
Brilhando lindo no céu.
E assim serei feliz
Junto com meu povo querido
Vou luta, gritar bem forte
Para assim eu ser ouvido.
E então direi a todo:
SOU FELIZ PORQUE SOU POVO!!
*
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Página publicada em março de 2022
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